Rei Maha Vajiralongkorn da Tailândia: vida, casamentos, controvérsias e sucessão ao trono de Rama X
Maha Vajiralongkorn Bodindradebayavarangkun, também conhecido como Rama X, nasceu em 28 de julho de 1952, em Banguecoque. É o atual rei da Tailândia desde 2016, sucedendo ao seu pai, o venerado rei Bhumibol Adulyadej.

A sua educação decorreu parcialmente no Reino Unido e na Austrália, onde frequentou o Royal Military College de Duntroon, em Canberra. Durante muitos anos viveu sobretudo no estrangeiro — em especial na Alemanha — o que lhe valeu o apelido de monarca “ausente”.
Quando o rei Bhumibol faleceu em 13 de outubro de 2016, Vajiralongkorn tornou-se rei. Apesar disso, os rituais tradicionais de coroação só foram realizados três anos mais tarde, em maio de 2019, numa cerimónia de três dias que incluía procissões pela capital, Banguecoque. Durante esse intervalo, o país observou um período prolongado de luto.
No plano pessoal, Vajiralongkorn teve vários casamentos e relacionamentos complexos. O seu primeiro matrimónio foi com Soamsawali Kitiyakara, entre 1977 e 1991, com quem teve uma filha. Depois outros casamentos e divórcios sucederam-se: com Sujarinee Vivacharawongse (1994–1996), com quem teve mais filhos; com Srirasmi Suwadee (2001–2014), de cujos descendentes se destaca o príncipe Dipangkorn Rasmijoti; e finalmente com Suthida Tidjai, com quem está casado desde 1 de maio de 2019. Além disso, há ainda a figura de Sineenat Wongvajirapakdi, à qual foi conferido o título de consorte real (equivalente a “concubina”) em 2019, depois revogado e reatribuído em 2020.
Os filhos do rei protagonizam uma história de rupturas e exílios. Dos filhos do segundo casamento, apenas alguns mantiveram vínculo oficial com a realeza. Dipangkorn Rasmijoti, fruto do terceiro casamento, é o príncipe herdeiro, embora haja especulações sobre a sua aptidão devido a rumores não confirmados de que sofre de autismo. Uma das filhas mais velhas, a princesa Bajrakitiyabha, chegou a ser vista como alternativa para a sucessão, principalmente após o seu irmão ter enfrentado dificuldades de saúde em 2022.
A vida de Vajiralongkorn não escapou à controvérsia. Participações públicas vestindo peças de roupa pouco convencionais, a atribuição de postos militares a animais de estimação — como no caso do poodle Foo Foo, que chegou a ocupar o cargo simbólico de major-general — e o seu estilo de vida particular geraram críticas internas e externas.
Às vezes descrito como um dos monarcas mais ricos do mundo, detém uma fortuna estimada em cerca de 40 mil milhões de euros. O seu poder foi também ampliado através da reorganização da estrutura das forças militares sob o seu controlo direto, e por emendas constitucionais que lhe permitiram exercer autoridade mesmo quando residir no estrangeiro.
No panorama político tailandês, o rei desempenha um papel delicado. A Tailândia possui uma das leis de lesa‑majestade mais rígidas do mundo: qualquer crítica ou ofensa à monarquia pode acarretar penas severas, incluindo longas penas de prisão. Ainda assim, desde 2020 têm emergido protestos exigindo maior transparência e reformas na monarquia, especialmente por parte de jovens e universitários.
A sucessão ainda permanece rodeada de incerteza. Apesar de Dipangkorn ser indicado como herdeiro, persiste especulação quanto à possível escolha da princesa Bajrakitiyabha, sobretudo se se confirmarem as dúvidas sobre a capacidade do seu irmão.
Vajiralongkorn simboliza uma confluência de tradição e ruptura, herdeiro de um legado venerado mas sujeito a expectativas modernas e críticas vigorosas. A sua vida pública e privada continuam a despertar fascínio e debate dentro e fora da Tailândia.