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Tempo de Conhecer

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PAC-MAN Halloween 2025: o novo Doodle interativo do Google que traz nostalgia e sustos divertidos

Esta quinta-feira, 30 de outubro, surge no logótipo do Google uma proposta que mistura nostalgia e assombro: PAC-MAN: Halloween 2025 Edition.

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Nem sempre um logótipo é apenas um símbolo estático. O Google, através dos seus Doodles — versões especiais e temporárias da marca —, já há muito explora essa elasticidade criativa para assinalar feriados, marcos culturais ou personalidades históricas com artifícios visuais, musicais ou interativos. Em 2025, decidiu festejar o Halloween com algo que vai além da decoração: um jogo, uma viagem ao passado e uma celebração de um clássico intemporal.

Nesta edição, PAC-MAN não vagueia por labirintos comuns — veste um chapéu de bruxa e atravessa oito níveis. Quatro deles são casas assombradas e cada uma espelha a personalidade do fantasma residente. O objetivo permanece fiel ao original: colecionar pellets e, ao agarrar os power pellets, inverter o papel e perseguir os fantasmas em vez de fugir deles.

Esse formato — Doodle + jogo — não é inovador nos arquivos do Google, mas adquire um tom especial quando reaparece por ocasião de datas como o Halloween. Em 2016, por exemplo, foi lançado o Magic Cat Academy, uma série de mini-jogos que evocava o universo dos espíritos e da magia com um gato negro protagonista. No entanto, para esta edição de 2025, a inspiração volta-se para Pac-Man, revisitado sob aura sombria e festiva.

Escolher PAC-MAN para celebrar o Halloween implica mais do que uma mera homenagem a um ícone dos arcades. Significa resgatar memórias de um tempo em que os videojogos arcade eram centros de culto — salas ruidosas onde devorávamos frutas pixelizadas, fugíamos de fantasmas e disputávamos pontuações. É oferecer aos utilizadores a possibilidade de, naquele dia, reviver ou descobrir esse momento, mas com um toque de “susto divertido”.

Ao aceder ao motor de busca Google, o visitante não se depara com simples alterações visuais — há um convite quase lúdico: “clica para jogar”. E, ao entrar nesse mundo, percebe-se que cada casa assombrada não é arbitrária: foi projetada com intencionalidade para refletir o carácter do seu fantasma, e cada nível adiciona suspense e desafio.

Este Doodle é lançado em 30 de outubro de 2025. A interatividade transforma algo habitual — o logótipo que nos lembra o motor de busca — num momento de entretenimento e nostalgia. Em tempos de excesso de estímulos visuais, essa simplicidade sofisticada é um raro deleite: em vez de distrações invasivas, um jogo pequeno e significativo, sem anúncios, apenas para jogar e recordar.

No fundo, o PAC-MAN: Halloween 2025 Edition comprova que um logótipo pode ser mais do que uma marca: pode ser experiência, brincadeira e memória. E no dia em que os espíritos parecem ganhar vida, faz todo o sentido deixar os fantasmas serem caçados.

O impacto da Primeira Guerra Mundial nas aldeias do norte de Portugal

Quando a Primeira Guerra Mundial rebentou, em 1914, parecia um conflito distante, feito de impérios, fronteiras e nomes estrangeiros. Nas aldeias do norte de Portugal, o som das batalhas era apenas um rumor vindo de longe, perdido entre as montanhas e os campos de milho. Mas, com o tempo, a guerra chegou também ali — não com bombardeamentos ou trincheiras, mas através da ausência, da pobreza e das cartas que demoravam meses a chegar.

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Portugal entrou oficialmente no conflito em 1916, e milhares de homens foram mobilizados para combater na Flandres, em França. A maioria vinha do interior, de aldeias pequenas onde o quotidiano se resumia à lavoura, à missa e à família. Muitos nunca tinham saído do concelho, nem sequer visto o mar. A notícia de que seriam enviados para um país distante, de clima frio e língua desconhecida, caiu como uma sentença. As despedidas eram discretas, quase silenciosas. As mães choravam às escondidas, os padres abençoavam os rapazes na praça e os sinos tocavam como se anunciassem um funeral antecipado.

A partida dos homens deixou as aldeias em suspensão. As mulheres assumiram os campos, cuidaram dos animais, mantiveram as casas e criaram os filhos sozinhas. A vida tornou-se mais dura, e o tempo, mais lento. As colheitas eram incertas, as doenças aumentaram e o dinheiro era escasso. Em muitos lugares, a guerra significou fome. As remessas enviadas do exército chegavam tarde e eram pequenas. As famílias viviam entre a esperança e o medo de receber uma carta com o selo militar — sinal de que algo tinha acontecido.

Os que voltaram trouxeram o corpo e a alma marcados. Alguns regressaram mutilados, outros em silêncio. Tinham visto horrores que ninguém conseguia imaginar: trincheiras cobertas de lama, bombardeamentos contínuos, o cheiro da pólvora e da morte. Voltaram diferentes, distantes, como se a aldeia tivesse ficado demasiado pequena para o que tinham vivido. Poucos falavam. Guardavam as memórias dentro de si, como se falar fosse reabrir feridas invisíveis.

A guerra também mudou a forma como as comunidades olhavam o país. Muitos começaram a sentir que o poder em Lisboa era distante e indiferente. O esforço dos camponeses, que davam os filhos à guerra e viam pouco em troca, aumentou o sentimento de abandono. As promessas de compensação e reconhecimento raramente se cumpriram. A pobreza manteve-se, e a emigração voltou a crescer logo depois do armistício.

Culturalmente, a guerra deixou uma marca profunda. As procissões passaram a incluir orações pelos soldados mortos, e muitas aldeias ergueram pequenos monumentos com os nomes dos que não regressaram. Nessas pedras simples, gravadas com letra desigual, ficou escrita uma parte esquecida da história portuguesa. As mães e viúvas vestiram negro durante décadas, e o luto tornou-se parte da paisagem.

Mas nem tudo foi tristeza. A experiência da guerra, por mais amarga que tenha sido, trouxe também contacto com o mundo. Os que voltaram trouxeram novas ideias, hábitos e até palavras estrangeiras. Alguns falavam de igualdade, de direitos, de educação. A guerra, sem o saber, abriu pequenas brechas na mentalidade rural portuguesa.

No norte de Portugal, o impacto da Primeira Guerra Mundial não se mediu em batalhas, mas em silêncios. Foi uma guerra vivida à distância, mas sentida na pele. As aldeias perderam filhos, tempo e inocência. Ganharam, talvez, uma consciência mais profunda da fragilidade da vida e da dureza do mundo. E nas memórias das famílias, ainda hoje, sobrevive o eco dessas ausências — nomes ditos em voz baixa, fotografias antigas em caixotes, e a lembrança de um tempo em que até os lugares mais isolados sentiram o peso de uma guerra que parecia não lhes pertencer, mas que os marcou para sempre.

Como a Inquisição afetou as pequenas comunidades judaicas em Portugal

Quando a Inquisição se instalou em Portugal, no início do século XVI, muitas das pequenas comunidades judaicas que tinham florescido em vilas e aldeias durante séculos começaram lentamente a desaparecer. O que começou como um tribunal religioso destinado a preservar a ortodoxia católica transformou-se num instrumento de medo e controlo que atingiu de forma brutal famílias inteiras, destruindo vidas, tradições e memórias.

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Antes da perseguição, as comunidades judaicas portuguesas eram pequenas, mas bem enraizadas. Viviam em judiarias que faziam parte da paisagem urbana e social de quase todas as cidades — de Lisboa a Trancoso, de Évora a Belmonte. Eram comunidades discretas, dedicadas ao comércio, à medicina, à escrita, à tecelagem e à agricultura. Muitos dos seus membros tinham boa relação com os cristãos e contribuíam para a economia local. Essa convivência, ainda que marcada por diferenças religiosas, fazia parte da normalidade da vida portuguesa medieval.

Tudo mudou em 1496, quando o rei D. Manuel I, pressionado pelos Reis Católicos de Espanha, decretou a expulsão dos judeus. A medida atingiu dezenas de milhares de pessoas. Muitos fugiram, outros converteram-se ao cristianismo para poderem ficar. Esses “novos cristãos” ou “cristãos-novos” tornaram-se alvo da desconfiança geral. Eram oficialmente católicos, mas suspeitos de praticar o judaísmo em segredo. O simples facto de guardarem o sábado ou evitarem carne de porco podia bastar para serem denunciados.

A criação da Inquisição, em 1536, formalizou esse clima de medo. Nas pequenas localidades, onde todos se conheciam, uma denúncia bastava para destruir uma família. As prisões eram secretas, os interrogatórios duros e as confissões, muitas vezes, arrancadas sob tortura. O rumor tornava-se prova. Os vizinhos, por medo ou inveja, participavam no ciclo de acusação. O fogo dos autos-de-fé, aceso em Lisboa, Coimbra ou Évora, iluminava um país que aprendia a calar-se.

O impacto social foi devastador. Muitas famílias cristãs-novas perderam os seus bens, confiscados pelo Santo Ofício. Outras fugiram para regiões mais isoladas, onde tentaram recomeçar em silêncio. Em aldeias da Beira Interior, algumas comunidades resistiram disfarçadas, mantendo tradições antigas em segredo durante séculos — acendendo velas escondidas nas arcas, rezando em casa, transmitindo orações de geração em geração sem saberem já de onde vinham. Essa herança de medo criou um modo de viver quase subterrâneo, em que a identidade se preservava pela memória oral e pelo disfarce.

A Inquisição também transformou a mentalidade coletiva. O medo da diferença tornou-se hábito. As aldeias, antes abertas ao convívio e à troca, fecharam-se sobre si mesmas. A suspeita passou a fazer parte da convivência diária. A noção de honra e pureza de sangue começou a definir quem podia ascender socialmente ou ocupar cargos públicos. A sociedade portuguesa tornou-se mais rígida, mais homogénea e menos criativa.

Mas a repressão também teve um efeito inesperado: espalhou o talento judaico português pelo mundo. Os que fugiram levaram consigo o conhecimento, a língua e as tradições. Em Amesterdão, Londres, Ferrara, Istambul ou Salónica, famílias portuguesas reconstruíram as suas vidas e fundaram novas comunidades judaicas. Alguns tornaram-se comerciantes de renome, médicos, banqueiros, intelectuais. Portugal perdeu, com a Inquisição, uma parte preciosa da sua alma cosmopolita e científica.

Nas pequenas comunidades que permaneceram, a herança foi de silêncio e resistência. Ainda hoje, em certas aldeias, há famílias que recordam gestos sem saber o seu significado: o pano branco na sexta-feira, a refeição especial ao pôr do sol, a vela acesa longe dos olhares. São vestígios de um tempo em que ser fiel à própria fé podia significar a morte.

A Inquisição acabou oficialmente no século XIX, mas as feridas sociais e culturais que deixou permaneceram durante gerações. O medo do julgamento, a desconfiança perante o diferente e o hábito de esconder o que se pensa continuam, em parte, a ecoar na forma como o país encara a diferença. E é talvez essa a marca mais profunda que a Inquisição deixou nas pequenas comunidades judaicas — não apenas o desaparecimento físico, mas o peso invisível de uma memória que ainda hoje se sussurra, mais do que se conta.

As cheias do Douro em 1909: quando o rio transbordou de fúria

Durante a segunda quinzena de dezembro de 1909, o rio Douro viveu uma das suas cheias mais marcantes, considerada uma das maiores da história registada deste curso de água em Portugal. As consequências foram profundas para as margens do Douro, em particular nas cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, bem como nas povoações do interior do vale.

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Nos dias que antecederam o desastre, registaram-se chuvas persistentes e intensas que saturaram os solos da bacia hidrográfica do Douro. O curso encaixado do rio, a sua forte inclinação em muitos troços e o facto de na altura não existirem sistemas de regulação hidráulica eficazes — como grandes albufeiras ou defesas ribeirinhas robustas — fizeram com que o rio reagisse com rapidez, levando o nível das águas a subir de forma acelerada.

O caudal máximo estimado em certos pontos da bacia atingiu cerca de 16 700 metros cúbicos por segundo. No Porto, o nível das águas chegou a cerca de oitenta centímetros do tabuleiro inferior da Ponte Luís I, o que demonstra a gravidade do evento para a zona ribeirinha. As águas invadiram os armazéns, as oficinas ribeirinhas, os estaleiros de rabelos e as zonas de carga e descarga. Em Vila Nova de Gaia, várias embarcações sofreram danos graves ou foram arrastadas pela corrente. O vapor alemão Sachsen foi completamente destruído, arrastado pela força da cheia e considerado perda total. A corrente rápida, combinada com a maré alta, agravou o nível da água e intensificou os danos.

Embora as imagens conhecidas sejam sobretudo das zonas urbanas, o evento causou estragos também no interior. Vias de acesso cederam, pontes ficaram danificadas ou destruídas, campos agrícolas foram inundados e terrenos baixos foram varridos pela força da água. Famílias que viviam em habitações modestas junto ao leito sentiram-se especialmente vulneráveis e, em muitos casos, perderam tudo.

O tráfego fluvial, essencial para o comércio do Douro, sofreu interrupções prolongadas. As mercadorias transportadas em rabelos, barcaças ou vapores foram danificadas ou perdidas. Nas zonas urbanas, numerosos armazéns ribeirinhos ficaram inutilizados, e a reconstrução exigiu grande esforço coletivo e recursos públicos.

Apesar da gravidade, em 1909 ainda não existia um sistema moderno de alerta ou mecanismos de proteção adequados. Os jornais da época descreviam a situação como uma subida do rio fora do normal e relatavam momentos de pânico nas margens. Mais tarde, o episódio tornou-se um marco de estudo na hidrologia portuguesa, usado como referência para cheias de magnitude extrema no Douro.

A tragédia de 1909 alertou para a necessidade de melhores sistemas de monitorização e prevenção, bem como para o reforço das defesas ribeirinhas. Com o passar das décadas, cheias como esta serviram de justificação para a construção de barragens, para o controlo do caudal e para o reforço das infraestruturas das margens. Os registos históricos dessa cheia ajudaram a definir, já no século XX, os limiares de alerta que ainda hoje se utilizam na cidade do Porto.

A cheia de dezembro de 1909 no Douro representa uma das mais importantes catástrofes naturais de origem hídrica em Portugal, tanto pela sua dimensão técnica e social como pela memória que deixou. Mais do que um fenómeno meteorológico, foi um momento que evidenciou a vulnerabilidade das populações ribeirinhas, a importância do planeamento urbano em zonas de risco e o papel essencial das infraestruturas de proteção. Ainda hoje, as marcas da cheia fazem parte da memória coletiva e podem ser vistas em azulejos e painéis que assinalam o nível atingido pelas águas nas margens do Douro.

As cheias de 1967: a noite em que Lisboa chorou

Na noite de 25 para 26 de novembro de 1967, a região de Lisboa viveu uma das maiores tragédias da sua história moderna. O que começou como uma tempestade de outono transformou-se num pesadelo que varreu casas, sonhos e vidas inteiras. Em poucas horas, dezenas de ribeiras transbordaram, transformando-se em torrentes de lama e detritos que devastaram bairros inteiros e deixaram cerca de 700 pessoas mortas — embora muitos digam que o número real foi muito maior.

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A chuva caiu com uma intensidade anormal. Em alguns locais, registou-se em poucas horas a precipitação equivalente a um mês inteiro. As águas começaram a subir de forma súbita, e os pequenos cursos de água que atravessavam os arredores de Lisboa — como as ribeiras de Odivelas, Loures, Alfragide ou Póvoa de Santo Adrião — tornaram-se rios violentos. As margens estavam cheias de construções precárias, erguidas por famílias humildes que tinham vindo do interior do país à procura de trabalho e de uma vida melhor. Essas casas frágeis foram as primeiras a ceder.

Por volta da meia-noite, o cenário era apocalíptico. As enxurradas arrastavam carros, árvores e pessoas. Em muitas zonas, a lama atingia o primeiro andar das habitações. As luzes falharam, e o escuro apenas era cortado pelos relâmpagos e pelos gritos de socorro. Homens e mulheres subiam aos telhados para escapar à força das águas, enquanto tentavam agarrar os filhos. Muitos não resistiram. A tragédia abateu-se com especial violência sobre lugares como a Póvoa de Santo Adrião, Loures, Caneças, Pontinha e Santa Iria de Azóia, mas também se sentiram os efeitos em Lisboa, Amadora e Vila Franca de Xira.

Os meios de socorro eram escassos e mal coordenados. O país vivia sob o regime de Salazar, e as autoridades demoraram a reconhecer a dimensão do desastre. Durante dias, os jornais pouco noticiaram a catástrofe, e o número de mortos foi subestimado. No entanto, as populações locais mobilizaram-se com uma solidariedade impressionante: vizinhos cavavam com as próprias mãos para resgatar corpos e tentar salvar o que restava das casas. As igrejas abriram as portas para acolher desalojados, e escolas transformaram-se em abrigos improvisados.

Quando a água finalmente baixou, o cenário era desolador. Montanhas de lama cobriam ruas e quintais. Centenas de cadáveres foram encontrados nos dias seguintes, e muitos nunca chegaram a ser identificados. Famílias inteiras desapareceram. Estima-se que mais de 10 mil pessoas tenham ficado sem casa. O silêncio que se seguiu à tragédia foi quase tão pesado quanto a própria lama. O país rural e pobre que ainda era Portugal viu, naquela noite, o retrato cru da desigualdade e do abandono em que viviam as populações periféricas da capital.

Com o tempo, as cheias de 1967 tornaram-se símbolo de uma época — a do crescimento urbano desordenado, da ausência de planeamento e da invisibilidade social dos que viviam nas margens. Foram precisas décadas para que a memória desse desastre ganhasse o reconhecimento merecido. Hoje, várias localidades mantêm memoriais simples, erigidos por iniciativa popular, para lembrar as vítimas daquela noite trágica.

Mais do que um acontecimento natural, as cheias de 1967 foram um espelho do país de então: um país que chovia sobre os mais pobres. E talvez por isso, meio século depois, Lisboa ainda recorde aquela noite com um misto de dor e de respeito — a noite em que a chuva se tornou luto e em que Portugal aprendeu, de forma brutal, o preço de ignorar as suas margens.

Grokipedia: como a nova enciclopédia de Elon Musk quer desafiar a Wikipédia com inteligência artificial

A Grokipedia é uma nova enciclopédia online movida por inteligência artificial, lançada no dia 27 de outubro de 2025 pela empresa xAI, fundada por Elon Musk. A proposta passa por rivalizar com a Wikipédia, oferecendo uma plataforma supostamente menos sujeita a vieses e erros ideológicos, ao mesmo tempo que automatiza a criação e edição de artigos através de modelos de IA.

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Desde o primeiro dia, a Grokipedia trouxe artigos gerados pelo modelo de linguagem Grok, muitos deles derivados diretamente de artigos da Wikipédia, com alegações de terem sofrido verificações de factos também por essa mesma IA. No dia seguinte ao lançamento, já contava com mais de 800 mil artigos ativos. Há, contudo, críticas: vários dos artigos mostram-se quase cópias literais de páginas da Wikipédia, o que levanta sérias dúvidas sobre originalidade, direitos autorais e qualidade editorial.

A ideia da Grokipedia emergiu a partir de um anúncio de Musk, segundo o qual a enciclopédia tradicional estaria comprometida por preconceitos e distorções ideológicas — e que um sistema de IA bem treinado poderia corrigir essas falhas. A escolha do nome combina “Grok”, termo que significa “compreender profundamente” e que tem origem no romance de ficção científica Um Estranho numa Terra Estranha de Robert Heinlein, com a terminação “pedia”, remetendo às enciclopédias tradicionais.

Ainda é cedo para saber qual será o impacto real da Grokipedia no panorama informativo da internet. Há potenciais benefícios: recursos automatizados de atualização, escalabilidade e rapidez na criação de conteúdo. Mas também há desafios enormes: garantir acurácia, evitar plágio, assegurar diversidade de vozes e manter transparência no processo editorial. O uso de IA não elimina a necessidade de fiscalização humana, especialmente quando lidamos com factos, interpretações históricas e nuances culturais.

Em suma, a Grokipedia representa um salto ambicioso na interseção entre inteligência artificial e produção de conhecimento. Se será ou não uma alternativa confiável à Wikipédia depende muito da forma como o projeto evoluirá: se apostará numa curadoria rigorosa, diversidade de fontes e responsabilidade ética — ou se se limitará a produzir volumes vastos de informação sem o cuidado crítico que envolve o verdadeiro conhecimento.

Como saber se os seus dados foram expostos: tudo sobre o site "Have I Been Pwned" e como o usar com segurança

Na era digital em que vivemos, a nossa identidade online é uma extensão direta de quem somos. Endereços de e-mail, palavras-passe, números de telefone e até dados bancários estão guardados em servidores espalhados pelo mundo, em contas que criamos com um simples clique. No entanto, a mesma facilidade com que construímos esta presença digital é também o que a torna vulnerável. Foi neste contexto que nasceu o site Have I Been Pwned, uma ferramenta criada para ajudar milhões de pessoas a perceber se os seus dados pessoais foram expostos em violações de segurança.

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O Have I Been Pwned foi criado em 2013 por Troy Hunt, um especialista em segurança australiano que se tornou uma das vozes mais respeitadas na proteção de dados. O projeto começou de forma simples: reunir num só lugar informações públicas sobre fugas de dados, de modo a que qualquer pessoa pudesse verificar se o seu endereço de e-mail tinha sido comprometido. O nome curioso vem de uma gíria da internet — “pwned” — uma distorção da palavra “owned”, usada para indicar que alguém foi “dominado” ou “vencido”, neste caso, que as suas informações foram violadas.

A ideia central é desarmantemente simples: basta inserir o seu e-mail ou número de telefone na caixa de pesquisa, e o site indica se esses dados apareceram em alguma base de dados comprometida. Por detrás desta simplicidade, contudo, está um sistema de recolha e verificação extremamente complexo. Troy Hunt agrega dados de centenas de fugas de informação, que vão desde pequenas lojas online até gigantes tecnológicos. Cada base de dados é cuidadosamente validada para confirmar a sua autenticidade antes de ser adicionada ao sistema. O resultado é um dos maiores repositórios públicos de violações de dados do mundo, usado por milhões de pessoas e também por empresas e governos.

O impacto do Have I Been Pwned vai muito além da curiosidade individual. Muitos utilizadores, ao descobrirem que as suas contas foram expostas, percebem pela primeira vez a dimensão real das ameaças digitais. Uma simples pesquisa pode revelar que o mesmo e-mail usado durante anos foi apanhado em múltiplos incidentes, alguns de empresas que já nem se lembravam de ter usado. Esta descoberta funciona como um alerta, despertando a consciência para a necessidade de práticas de segurança básicas: usar palavras-passe diferentes em cada site, ativar a autenticação de dois fatores e atualizar periodicamente as credenciais.

O projeto, apesar de gratuito, é mantido com grande rigor e transparência. Troy Hunt recusou diversas vezes vender o site a empresas privadas para evitar que o objetivo se desviasse da sua missão inicial: proteger os utilizadores e não explorar os seus dados. Em 2020, decidiu abrir parte do código-fonte ao público, transformando o Have I Been Pwned num projeto colaborativo, apoiado por especialistas e voluntários da comunidade de segurança digital.

O site também oferece um serviço chamado “Notify Me”, que alerta os utilizadores sempre que o seu e-mail aparecer em novas fugas. Este tipo de vigilância contínua tornou-se uma ferramenta essencial para quem quer manter o controlo da sua pegada digital. Além disso, o Have I Been Pwned é utilizado por grandes empresas e até por forças de segurança, como o FBI, que o usam para notificar cidadãos afetados por ataques cibernéticos em larga escala.

O sucesso do projeto demonstra algo mais profundo do que apenas a sua utilidade técnica. Mostra que a confiança e a transparência ainda são possíveis num mundo digital onde a privacidade parece cada vez mais frágil. O Have I Been Pwned não recolhe dados pessoais dos utilizadores, não exige registo para consultas simples e mantém um compromisso ético raro: devolver o poder da informação a quem a perdeu.

Num tempo em que a internet se tornou um espelho das nossas vidas, ferramentas como esta funcionam como uma recordação de que a segurança digital não é apenas uma questão técnica, mas uma forma de autocuidado. Saber se fomos “pwned” é mais do que descobrir se alguém acedeu à nossa conta — é reconhecer que, no mundo virtual, a vigilância consciente é a nossa melhor defesa.

O Have I Been Pwned é, em última análise, uma ponte entre a tecnologia e a responsabilidade pessoal. A sua existência recorda-nos que, apesar de todas as ameaças, ainda podemos usar a informação de forma inteligente para nos proteger. E talvez seja esse o seu maior mérito: transformar uma preocupação invisível numa ação concreta — e devolver ao utilizador comum a sensação, rara e preciosa, de controlo sobre o seu próprio mundo digital.

Morte de Cody "Beef" Franke aos 31 anos: figura da Barstool Sports e do golfe deixa legado de paixão e humanidade

Morreu Cody “Beef” Franke, aos 31 anos, vítima de uma emergência médica súbita. A notícia foi divulgada pelo podcast Fore Play e disseminada pelas redes sociais com grande consternação.

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Franke era uma figura conhecida no universo do golfe e do conteúdo digital para a Barstool Sports. Trabalhou como profissional do PGA (Professional Golfers’ Association) em clubes nos estados da Califórnia e de Wisconsin, antes de abraçar um percurso mais voltado para a criação de conteúdo e ensino do desporto.

Na sua passagem pelos meios digitais, tornou-se uma presença que muitos admiravam — pela forma genuína com que transmitia o seu amor pelo golfe e pela dedicação com que procurava que outras pessoas partilhassem esse entusiasmo. Nas palavras dos seus colegas: “Cody fez tantas pessoas rir, tantas sorrir, ele simplesmente tornou tantas pessoas melhores.”

O fundador da Barstool Sports, Dave Portnoy, expressou o seu luto pelas redes sociais: “Barstool perdeu um membro da nossa família este fim de semana. Será difícil processar isto agora. Nunca encontraremos uma pessoa mais genuína do que Beef. É uma recordação cruel de que o amanhã nunca está garantido.”

Os amigos e a comunidade do golfe reagiram com mensagens emocionadas. Alguns recordaram o carácter bondoso de Franke, o orgulho com que ele se entregava ao ensino e o impacto que tinha nas pessoas ao seu redor.

O que permanece, após esta partida prematura, é o eco de alguém que encontrava no desporto mais do que competição: um sentido de pertença, alegria e propósito. Muitos acompanharam a sua jornada por clubes e redes sociais, sempre com empatia, autenticidade e presença — características que agora criarão uma saudade forte a quantos o conheceram, direta ou indiretamente.

Que Cody “Beef” Franke seja recordado pelo espírito que partilhava com todos os que o seguiam: a paixão pelo golfe, a vontade de servir os outros, o sorriso fácil e o contributo humano. O vazio que deixa não será esquecido.

Vítor Pereira em rota de colisão com os adeptos dos Wolves após derrota com o Burnley

Houvesse uma metáfora para descrever o momento de Vítor Pereira em Wolverhampton e talvez nos apercebêssemos do drama que se desenrola: um piloto desafiado por ventos que sopram contra, a controlar uma máquina que parece querer escapar-se. E hoje, depois da derrota de 3-2 frente ao Burnley no Molineux, essa tensão tornou-se explícita e carregada.

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Aos 90+ minutos, Lyle Foster marcou o golo decisivo para o Burnley. Quando o árbitro apitou o fim, os adeptos reagiram com cânticos incisivos: “you’re not fit to wear the shirt” e “you’re getting sacked in the morning”. Dirigiam-se então a Vítor Pereira, que retribuiu o confronto, irado, aproximando-se da bancada. A cena foi ainda mais tensa por necessitar da intervenção de colegas e seguranças para o afastarem da multidão.

É um momento que expõe toda a fragilidade de uma relação entre equipa, treinador e adeptos. Pereira tinha assinado, em setembro, uma extensão de contrato por três anos — um voto de confiança do clube, um sinal de que a direção acreditava que poderia virar o rumo da equipa. Mas os números falam por si: até ao momento, os Wolves continuam sem vencer no campeonato, somando sete derrotas em nove jornadas e ocupando o fundo da tabela, a seis pontos de distância da salvação.

Aquele confronto foi inevitável. Quando uma equipa perde, vão-se somando doses de frustração: pela prestação em campo, pela falta de ligações emocionais, pelo desgaste. Os adeptos — que durante a temporada passada celebraram retornos inesperados e seguranças restabelecidas — agora sentem-se traídos. As palavras lançadas da bancada são tanto um grito de revolta como um pedido de explicações.

Para Vítor Pereira, o desafio é mais do que técnico. Já provou, em momentos anteriores, que sabe galvanizar equipas. Na temporada passada, pegou numa equipa fragilizada e, com 10 vitórias em 22 jogos, conduziu-os à manutenção numa reta final impressionante. Ele próprio foi aplaudido por adeptos, com uma presença mais aberta, até celebrando em pubs locais com os fãs num gesto simples, mas simbólico: “first the points, then the pints” — primeiro os pontos, depois uma cerveja com eles.

Mas o futebol não dá tempo para reconhecimentos do passado. Hoje, cada derrota aumenta o coro de vozes críticas. A pressão cresce com cada dia sem vencer, cada golo sofrido no último instante, cada jogo onde o adversário impõe exigência. E no centro estão jogadores e treinador, tentando evitar o colapso emocional.

No horizonte imediato está o jogo contra o Fulham, fora de casa — um momento-chave para tentar inverter a maré. Se falharem, a pressão — já intensa — poderá transformar-se numa ruptura definitiva.

Vítor Pereira foi levado até ao limite. Conseguirá ele reconquistar a confiança perdida, acalmar as hostes e alcançar a redenção na Premier League? Ou este momento de confronto no Molineux entrará como símbolo de um fracasso anunciado? O desfecho começa já no próximo apito inicial.

História completa dos terramotos em Portugal: todos os sismos significativos e os seus impactos até 1969

Portugal, ao longo da sua história, tem sido palco de acontecimentos sísmicos de grande intensidade, cuja memória se prolonga através de relatos antigos, marcas geológicas e documentação histórica. Os registos mais antigos apontam para um episódio por volta de 60 a.C., nas costas do sudoeste da Península Ibérica, especialmente no Golfo de Cádis e no Algarve. Embora a informação seja indirecta, os relatos de catálogos de tsunamis e crónicas sugerem que ondas significativas se abateram sobre as comunidades costeiras, deixando indícios de destruição e alterando o traçado das linhas costeiras, mesmo que não existam números fiáveis de vítimas. Mais tarde, em 382 d.C., um grande terramoto acompanhado de tsunami afectou novamente a mesma região do Atlântico sudoeste, reforçando a percepção histórica de vulnerabilidade do território face à actividade sísmica, ainda que sem registos precisos de mortos ou feridos. Durante a Idade Média, Lisboa e a costa ocidental sentiram abalos em 1344, descritos nas crónicas como choques violentos que provocaram destruições parciais de edifícios, testemunhando o medo e a apreensão das populações perante fenómenos naturais incontroláveis. Em 24 de agosto de 1356, o terramoto no Cabo de S. Vicente abalou fortemente o sul de Portugal e do sul de Espanha, com Sevilha a registar prejuízos significativos em edifícios e monumentos, enquanto em Portugal se verificaram destruições importantes em aglomerados costeiros e na cidade de Lisboa, demonstrando a constante vulnerabilidade da região sudoeste da Península Ibérica.

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A 26 de janeiro de 1531, Lisboa foi atingida por um terramoto de grande intensidade, sentido também em Santarém, Vila Franca de Xira, Almeirim e Azambuja. Este abalo destruiu cerca de duas mil habitações, arruinou igrejas, palácios e muralhas, provocou refluxos do Tejo e incêndios no porto da capital. Estima-se que tenham morrido aproximadamente mil pessoas, embora algumas fontes populares indiquem números superiores. O impacto deste desastre deixou uma marca profunda na cidade e motivou a aplicação de técnicas construtivas mais resistentes para prevenir catástrofes futuras.

O maior e mais conhecido terramoto da história portuguesa ocorreu a 1 de novembro de 1755, com epicentro no Atlântico, próximo do Banco de Gorringe. Todo o sudoeste peninsular foi afectado, e seguiu-se um tsunami que invadiu Lisboa e o Algarve com ondas de cinco a doze metros, chegando a atingir vinte a trinta metros em alguns pontos costeiros. A Baixa lisboeta foi praticamente destruída, incêndios generalizados consumiram grande parte da cidade e cerca de trinta mil pessoas perderam a vida. Este evento marcou um ponto de viragem na história europeia, impulsionando a reconstrução de Lisboa em estilo pombalino e incentivando avanços científicos em sismologia, tendo ainda profundo impacto no pensamento iluminista da época.

A 31 de março de 1761, um sismo de magnitude estimada em 8,5 Mw abalou o Atlântico Norte, afetando Lisboa e provocando danos em edifícios já fragilizados pelo terramoto de 1755. Seguiu-se um tsunami moderado, sentido em várias regiões atlânticas, incluindo partes da Europa e do Caribe. Apesar da intensidade do abalo, o número de vítimas em Portugal foi mínimo, registando-se apenas quatro mortes confirmadas, mas o pânico generalizado e a atenção científica reforçada deixaram marcas na sociedade.

A 2 de fevereiro de 1816, um sismo com epicentro entre os Açores e Lisboa, estimado em 8,5 Mw, abalou o país com grande intensidade, destruindo parcialmente edifícios em Lisboa e no Algarve. Pelo menos treze pessoas morreram e várias dezenas ficaram feridas. Este episódio evidenciou vulnerabilidades estruturais e contribuiu para estudos posteriores sobre a falha Açores-Gibraltar, reforçando a consciência da necessidade de prevenção sísmica em Portugal.

Em 11 de novembro de 1858, Setúbal e o Alentejo foram atingidos por um terramoto de cerca de 7,0 Mw, que arruinou grande parte das casas do bairro do Trónio e causou danos em diversas localidades. Entre quatro e seis pessoas perderam a vida e dezenas ficaram feridas ou desalojadas. Este evento, considerado o maior após 1755, despertou preocupações sobre a sismicidade do vale do Tejo e motivou estudos e melhorias nas técnicas construtivas da época.

A 23 de abril de 1909, o sismo de Benavente devastou o Vale Inferior do Tejo, destruindo aproximadamente 90% das casas em Samora Correia e Muge e danificando edifícios históricos em Benavente. Cerca de 42 pessoas morreram, 75 ficaram feridas e mais de treze mil ficaram desalojadas. Este foi o maior sismo em Portugal Continental do século XX até então, conduzindo a reformas em infraestruturas e ao reforço de edifícios, especialmente nas zonas rurais mais vulneráveis.

Finalmente, a 28 de fevereiro de 1969, um sismo de magnitude aproximada de 8,0 Mw teve epicentro no oceano Atlântico, cerca de 80 km a sudoeste de Sagres. Atingiu com intensidade máxima o Algarve e foi sentido em todo o país, destruindo parcialmente habitações tradicionais e provocando fissuras em edifícios, além de provocar pânico generalizado. Registaram-se treze mortos em Portugal e dezenas de feridos, com vítimas adicionais em Marrocos e Espanha devido a efeitos indiretos. Este evento reforçou a consciência sobre a necessidade de normas construtivas mais rigorosas e medidas de prevenção sísmica.

Ao longo dos séculos, Portugal aprendeu a conviver com a imprevisibilidade e a força da Terra. Desde os primeiros episódios registados até ao século XX, cada terramoto deixou marcas profundas na sociedade, na cultura e na ciência, moldando a forma como o país entende e se protege face aos fenómenos naturais. A memória destes acontecimentos é um testemunho da resiliência das populações e da contínua necessidade de adaptação perante a força da Terra.

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